Em 2011, foram 1,5 mil casos; e no ano passado, 6,5 mil. Estatísticas do Batalhão de Trânsito apontam que a recusa pelo teste do bafômetro também cresceu.
Foto: Bernardo Coutinho
Bruna e Alexandra querem que o homem que causou a morte da mãe fique preso
Apesar do aumento das blitze de fiscalização da Lei Seca nas vias estaduais, 6.570 motoristas foram flagrados por embriaguez ao volante em 2012 – uma média de 18 por dia. Esse número é 312% maior que o registrado em 2011, quando 1.595 foram autuados por beber e dirigir.
Estatísticas do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar apontam ainda que a recusa pelo teste do bafômetro também cresceu. O índice de 2012 – quando 5.559 se negaram a fazer o teste – é seis vezes maior que em 2011, que registrou 874 casos.
"Embora o número de operações realizadas tenha crescido, a frota de veículos também aumentou. E, apesar da fiscalização, o número de motoristas embriagados só cresce. Só o valor da multa não inibe a embriaguez. É preciso mudar a legislação", explica o comandante do Batalhão de Trânsito, tenente-coronel Wallace Brandão.
Pela Lei Seca, quem se recusa a fazer o teste do bafômetro ou é flagrado no teste com ingestão igual ou acima de 0,29 miligramas de álcool por litro de ar é punido administrativamente com suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 1.915,30. Caso o teste acuse ingestão maior que 0,29 miligramas, o motorista também é punido criminalmente e pode ser preso.
Embora o número de motoristas flagrados por embriaguez tenha crescido, Cláudia Dematté, adjunta da Delegacia de Delitos de Trânsito, acredita que a punição para quem se recusa a fazer o teste do bafômetro pode tornar-se mais rigorosa com a nova Lei Seca. "Antes, esses motoristas eram punidos administrativamente. Agora, se ficar comprovado que o condutor teve a capacidade motora alterada, ele pode ser autuado em flagrante por crime de embriaguez", esclarece.
As blitze da Lei Seca continuam reforçadas durante o verão, com 39 operações por semana. Durante o dia, os focos são os acessos às praias. À noite, a fiscalização ocorre em áreas próximas a bares, restaurantes e festas e também em vias mais movimentadas.
Família de vítima pede justiça
No último sábado, dia 5, a dona de casa Evani Conceição da Cruz, 45 anos, morreu em um acidente causado por um motorista embriagado, na BR 101, na Serra. O veículo em que Evani viajava foi atingido pelo carro do desempregado Wanderson dos Santos, 29.
Além de embriagado, Wanderson dirigia em alta velocidade. Segundo a polícia, ele invadiu a contramão e atingiu de frente o veículo em que viajavam Evani e mais quatro pessoas. Wanderson fez o teste do bafômetro, que acusou 0,853 mg/l de álcool no sangue.
"É muito difícil saber que o motorista estava bêbado. É revoltante. Quero que ele pague pelo que fez e que continue preso. Minha mãe era a chefe da família. Agora, eu e meus irmãos ficamos órfãos de pai e mãe", conta a auxiliar administrativa Bruna da Cruz Socolott, 27, filha de Evani, ao lado da irmã Alexandra.
Números da lei seca
Operações
Número cresceu 96% entre 2011 e 2012. Passou de 1.247 para 2.439 – uma média de 6,6 blitze realizadas por dia
Embriaguez
Casos cresceram 312%. Foram flagrados 1.595 motoristas embriagados em 2011 e 6.570 no ano passado – uma média de 18 por dia.
Recusas ao teste
Número de motoristas que se recusaram a fazer o teste do bafômetro subiu 536%. Foram 874 recusas em 2011 e 5.559 em 2012 - uma média de 15 por dia
Bafômetro
Realização dos testes cresceu 722%. Foram 3.923 em 2011 e 32.246 em 2012.
Autos de infração
Foram 33.980 em 2011 e 60.075 no ano passado - uma alta de 77%.
CNH recolhidas
Número cresceu 170% - de 3.126 para 8.430
Acidentes
Índice não mudou muito, caiu apenas 4%. Foram 24.767 acidentes em 2011 e 23.708 em 2012
Mortos e feridos
Número de mortes caiu de 128 para 117 – queda de 9%. Já o índice de feridos caiu 1%: passou de 7.248 para 7.180
Análise
Acidentes mais graves
Apesar de todos os esforços, o número de acidentes causados por motoristas embriagados não está diminuindo. E essas ocorrências tendem a ser mais graves, já que os motoristas que dirigem sob efeito do álcool ficam com reflexos mais lentos e levam mais tempo para ter uma reação. A tolerância ao álcool varia de acordo com o organismo de cada um. Mas muita gente com apenas com uma dose não fica em condições de dirigir. Já a partir de quatro doses qualquer condutor perde essa capacidade, pois passa a superestimar suas capacidades e a minimizar os riscos, dirigindo em alta velocidade e fazendo manobras bruscas.
Sandro Rotunno - Médico do tráfego e presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) no Estado
Fonte: A Gazeta
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