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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CRM apura falhas no atendimento de bebê que morreu ao engolir PVC


Bebê de sete meses passou por seis hospitais em Cuiabá até ser operado. Falta de equipamento pode ter sido uma das causas da morte da criança.

Falta do aparelho bronquioscópio dificultou atendimento (Foto: Reprodução/TVCA)
Falta do aparelho broncoscópio dificultou 
atendimento
(Foto: Reprodução/TVCA)
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso abriu um procedimento administrativo para investigar se houve falha no atendimento a um bebê de sete meses que morreu após engolir um pedaço de PVC, na última quarta-feira (16), em Cuiabá. Ele ficou seis dias internado em um hospital particular, sofreu uma embolia pulmonar e morreu. Os familiares do bebê alegaram que percorreram seis hospitais, dentre eles, o Pronto-Socorro da capital, mas o bebê só foi internado no dia seguinte ao incidente, em um hospital particular de Cuiabá.
“Até agora o que se apurou é que a criança foi atendida por um pediatra no Pronto-Socorro, foi feito um Raio-x e identificado a necessidade de cirurgia, mas  o procedimento não foi realizado por falta de atendimento médico especializado'', explicou a presidente do CRM, Dalva Alves.
No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, a mãe da criança  relatou que deixou o filho na última sexta-feira (11), como de costume, no berçário. No local, conforme trecho do documento, a criança engoliu um pedaço de PVC que, possivelmente, desprendeu-se do forro após a instalação de um ventilador. Porém, o boletim relata que, após a instalação do aparelho, uma faxineira fez a limpeza do local.
O boletim diz ainda que a diretora levou a criança para ser atendida na policlínica da região do berçário ao perceber que ela não respirava. Depois de deixar a unidade, a criança ainda passou por outros cinco hospitais. A peregrinação por várias unidades ocorreu, segundo a família, porque os hospitais não dispunham de um aparelho chamado broncoscópio.
Para o diretor técnico do Pronto-Socorro de Cuiabá, Luis Augusto dos Santos, o atendimento de emergência foi realizado, mas o hospital não conta com especialista para fazer a retirada do objeto. ''Quando a criança deu entrada no Pronto-Socorro foi feito todo atendimento de urgência para que a criança pudesse ser encaminhada para outras unidades. Quando o bebê chegou ao hospital não estava cianótico (roxinho) e não tinha dificuldades para respirar'', afirmou.

De acordo com a madrinha do bebê, Tânia Bressan, uma tomografia constatou que a criança estava com um objeto atravessado na traquéia e, por conta disso, precisava ser operado. Segundo o pneumologista pediátrico Arlan de Azevedo, objetos estranhos ao aparelho respiratório de crianças devem ser retirados por um procedimento chamado bronquioscopia. O procedimento é feito com uma espécie de canudo de metal com uma pinça dentro, que é colocado na garganta da criança para depois retirar o que estiver atrapalhando a respiração.

 O otorrinolaringologista Dergan Baracat que realizou a cirurgia em um dos hospitais particulares procurados pela família informou ao G1 que o procedimento foi bem sucedido e, assim que foi finalizado, a criança passou a respirar com ajuda de aparelhos. “A criança saiu muito bem do centro cirúrgico, foi para a UTI e ficou durante quatro dias se recuperando bem. No quinto dia estava previsto para ter alta, quando então sofreu uma embolia pulmonar e veio a falecer'', lembrou o médico.
Em Mato Grosso somente três médicos realizam a cirurgia especializada para a retirada de objetos da garganta. Conforme o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), nove em cada dez crianças acidentadas morrem antes de sair de casa.
A orientação dos médicos é que, em situações de engasgamento, o Samu deve ser chamado imediatamente. Alguns procedimentos repassados com a orientação dos socorristas podem aumentar a chance de vida das crianças, informou o órgão.
Inquérito
O delegado adjunto da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), em Cuiabá, Eduardo de Paulo Botelho Augusto, abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte do bebê.

O inquérito, informou a Polícia Civil ao G1, vai apurar o dever de vigilância dos funcionários do berçário no momento do incidente. A proprietária do berçário, Regina Aparecida Correa, localizado no bairro São Matheus, não quis posicionar-se sobre o incidente à reportagem doG1. Ela disse apenas que fez os esclarecimentos necessários à polícia e à secretaria de Educação e que, no dia do ocorrido, também prestou socorro à criança.

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