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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Deputado não revela se irá se lançar candidato e nega a fama de instável


Daqui a dois dias, após um hiato de nove anos, a Assembleia Legislativa deve aprovar a reeleição de um presidente. Mas não se trata de qualquer presidente: Theodorico Ferraço (DEM), um dos mais tradicionais políticos do Estado, conhecido por seu humor peculiar e frases de efeito.
Visto por alguns como “instável”, o presidente está no cargo desde janeiro, quando substituiu Rodrigo Chamoun (ex-PSB), hoje conselheiro do Tribunal de Contas. Definido pelos pares como “defensor da Casa”, Theodorico congregou forças de tal modo que até o governo, antes reticente quanto à reeleição, cedeu e aceitou a proposta de emenda constitucional (PEC).
Theodorico não revela se irá se lançar candidato e nega a fama de instável. “Sou um deputado de posicionamentos”, resume. Confira a seguir a entrevista exclusiva:
O senhor será candidato à reeleição?
Até hoje, podem ser candidatos 29. Com a PEC aprovada, todos poderão. É uma decisão que virá naturalmente depois da PEC publicada. Não serei nunca um candidato de desunião. Só serei candidato de união. Mas não tenho decisão tomada.
O senhor tem o desejo de continuar presidente?
Desejo, com toda sinceridade, não. Não tenho esse ego. Ser presidente não é fácil. Tem que ter muita paciência, muita dedicação e poder de decisão. Para presidir 29 deputados é preciso ter consciência que você está trabalhando com pessoas eleitas pelo povo. E são todos inteligentes, porque quem é bobo não vem pra cá.
O senhor se sente amarrado pela presidência?
Dizer que um presidente não é amarrado seria uma mentira, uma leviandade. Tenho que estar 24 horas preparado para a luta. Se não tiver uma boa dose de experiência e idealismo, fica muito difícil.
Há poucos meses, o senhor se definiu em crise com o governo e chegou a dizer que o governador Renato Casagrande não o respeitava. E agora, como define a relação?
Política é momento. Há dias de sol, outros de chuva e turbulências. Não me considero uma pessoa instável. Sou um deputado de posicionamento. Se eu prometer algo a você, vou prometer o que eu possa cumprir. O político tem que ter palavra. Aquela turbulência foi necessária.
Como assim?
O caso era simples: os deputados, espontaneamente, resolveram fazer uma PEC. No momento em que o deputado José Carlos Elias (PTB) disse que não havia dado entrada no texto por conselho do governo, senti que havia algo errado. Eu queria o governador, mas ele não me queria. Eu me sentia um deputado que queria ficar ao lado do governador, mas essa decisão me fez ir falar com ele. Eu disse: ‘Não pedi a ninguém para ser presidente, mas tenho a impressão que o senhor está me vetando’. Foi quando ele declarou que era melhor deixar passar a eleição. O pensamento foi correto. No momento certo, ele deixou claro que não tem nada contra mim. Tudo tem sua hora certa. Deixei de ser a pessoa indesejável para ser uma pessoa amada. Eu também gosto de amor e carinho.
A PEC é uma prova de amor, então?
Ela é correta. Um presidente não pode ficar no poder toda a vida. O poder ocupa seu tempo todo e há horas em que não traz animação. Com o poder você não pode tudo. Acho que a PEC é uma prova de amor recíproco. O governador me ama e eu o amo.
O Theodorico presidente é mais manso do que gostaria?
Na vida pública sempre fui manso como a pomba e prudente como a serpente. Aqui estou sendo mais prudente que uma serpente. Tenho idade suficiente para saber que, na presidência, não posso brincar com o governo, com o Poder e com o povo. Acima de tudo é preciso lealdade.
Em 2014 o seu filho, senador Ricardo Ferraço (PMDB), deve ser candidato ao governo?
Acho que não. Ricardo não deve ser candidato. O melhor caminho para o Espírito Santo, neste momento, é a reeleição de Casagrande. É claro que precisará mudar algumas peças administrativas, mas ele está indo bem.
Casagrande é a melhor opção, a seu ver?
Sim. Ele está fazendo um governo de entendimento e de diálogo. Mas quem pode dizer é o povo. Este é o meu sentimento. Mas também não significa que eu não possa fazer críticas a ele amanhã. Se não respeitarmos a opinião dos outros, não temos democracia. Ditadura jamais. Império, muito menos.
O atual governador é mais democrático que o anterior?
Os dois tiveram seu tempo. O anterior fez a redescoberta do Espírito Santo. Tive animosidades e desentendimentos também com ele, mas o progresso que ele nos trouxe é maior que qualquer intransigência ou desacordo. E Casagrande teve o apoio de Paulo Hartung (PMDB).
“Ser presidente exige equilíbrio, experiência e vocação. Tenho que rezar todos os dias. Ser um deputado livre é outra coisa, a diferença é grande. É uma turbulência permanente”



Fonte: Eduardo Fachetti (efachetti@redegazeta.com.br) - A Gazeta

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