Morte da ex-sogra veio se somar à forte pressão emocional pela qual passou o ex-ministro nas últimas 24 horas; decisão de Barbosa de não decretar prisão foi recebida com alívio.
Na quinta-feira à noite, depois de passar o dia todo reunido com assessores e advogados em função da possibilidade de passar as festas de fim de ano atrás das grades, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu entrou no carro e foi até Santos, onde um velório o aguardava.
Na manhã de quinta-feira Irene Saragoça, mãe de Ângela Saragoça, ex-mulher de Dirceu, e avó de Joana, filha do ex-ministro, havia falecido. Embora tenham se separado há anos, Dirceu e Ângela continuam próximos, principalmente por causa de Joana.
“Ele ficou arrasado. Como se não bastasse a chance de ir para a cadeia, perdeu uma pessoa muito querida”, disse um amigo de Dirceu.
A morte da ex-sogra foi o ponto culminante da montanha russa emocional vivida pelo ex-ministro nas últimas 24 horas. Dirceu e seus colaboradores mais próximos passaram todo o dia tentando esclarecer duas dúvidas.
A primeira era qual seria a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal , Joaquim Barbosa, quanto ao pedido de prisão imediata dos condenados no julgamento do mensalão.
“As informações que chegavam eram contraditórias. Algumas pessoas ligavam dizendo que haviam falado com o Joaquim e que ele decretaria a prisão. Outros diziam o contrário. Nos preparamos para o pior”, afirmou um interlocutor.
A segunda dúvida era sobre as formas como seria executado o possível mandado de prisão. Ele deveria de apresentar à Polícia Federal ou esperar os policiais em casa? Iria discretamente para a cadeia ou transformaria a prisão em um gesto político? Todas as hipóteses foram consideradas.
Dirceu havia se preparado para ir quinta-feira a Passa Quatro, em Minas Gerais, onde passaria o Natal com a família, mas o pedido de prisão feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o obrigou a mudar os planos. Assessores que já estavam em férias tiveram que voltar para São Paulo.
O ex-ministro aguardou a decisão de Barbosa no apartamento da Vila Mariana, em São Paulo, acompanhado do irmão, José Luiz, e assessores próximos. Ele não foi ao enterro da ex-sogra e passou toda a manhã ouvindo música popular brasileira em um canal de TV a cabo.
Um pequeno grupo de militantes da União da Juventude Socialista (UJS), ligados ao PC do B, ficou discretamente de plantão na porta do prédio da Vila Mariana.
Apesar da forte pressão emocional, Dirceu manteve a serenidade e não demonstrou alterações de humor ou ansiedade. “Ele estava pronto para cumprir qualquer que fosse a decisão do STF”, disse Marco Aurélio Carvalho, chefe da assessoria jurídica do PT, que passou toda a manhã com Dirceu.
A notícia de que Barbosa havia negado o pedido chegou pelos portais da internet. Assim que a informação foi divulgada, Dirceu sintonizou a TV em um canal de notícias para saber mais detalhes.
Os telefones celulares e da casa começaram a tocar insistentemente. Eram amigos e correligionários prestando solidariedade. Entre eles não estava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Não houve festa nem comemoração, só alívio. Só depois que os assessores deixaram o apartamento, Dirceu almoçou acompanhado de Ângela e da filha Joana. Depois, partiu para Passa Quatro acompanhado do irmão.
Fonte: Yahoo
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