Espanhol da Ferrari chega em segundo, mas sexto lugar dá o título ao alemão da RBR, que supera marca de Ayrton Senna e estica seu domínio na categoria.
Sebastian Vettel ( Campeão da F1 2012 ) |
Claro, a corrida em Interlagos teve um vencedor. Foi o inglês Jenson Button, da McLaren, que manteve boa vantagem para Alonso nas últimas voltas e evitou que Vettel perdesse o título - se o piloto da Ferrari tomasse a liderança, seria ele o tricampeão mais jovem da história. Quem completou o pódio foi o brasileiro Felipe Massa, que teve de ceder a passagem para Alonso na volta 62, mas ainda assim chorou muito no pódio, emocionado diante do público brasileiro. Mark Webber e Nico Hulkenberg vieram em seguida, à frente de Vettel, que ainda respirou aliviado na penúltima passagem com a entrada do safety car, que conduziu os carros em fila indiana até os últimos metros da prova.
Com os troféus de 2010, 2011 e 2012, Vettel se iguala ao compatriota Michael Schumacher e ao argentino Juan Manuel Fangio com três títulos em sequência. O alemão da RBR fecha o ano com apenas três pontos de vantagem para o rival espanhol, único que ainda era capaz de lhe tirar o tricampeonato. A equação, no entanto, era complicada. Com a segunda colocação, Alonso precisaria que Vettel chegasse em no máximo oitavo.
Largada cheia de ultrapassagens
As gotas de chuva deram as caras pouco antes da volta de apresentação, e a receita para a largada aliava pista molhada e uma Ferrari faminta. Massa pulou de quinto para segundo e Alonso foi atrás dele, saltando de sétimo para quarto. Logo depois as coisas se acertaram para Hamilton e Button, que conseguiram segurar as duas primeiras posições. Hulkenberg, que não tinha nada a ver com a história, se aproveitou da briga de foice e se avizinhou num confortável terceiro lugar, à frente de Alonso e Massa, que perdeu posições e voltou para quinto.
Se Vettel tinha largado mal, um golpe duro veio logo em seguida: o alemão foi tocado por Bruno Senna e rodou no meio dos carros. Não deu tanto azar quanto o brasileiro, que abandonou a corrida, mas caiu para a 20ª posição, com sorte de não ter sofrido danos no carro. Alonso chegou a estar em terceiro, momentaneamente com o título no colo, mas a alegria durou pouco.
O pé de Vettel afundou o acelerador, e nem deu tempo de chamar de "corrida de recuperação". O alemão só precisou de oito voltas para voar no molhado e chegar à zona de pontuação. Na nona, já era o sexto. Pouco depois, pulou para quinto. E voltou a ficar com a taça embaixo do braço.
Massa trocou pneus na 16º volta, quando a chuva deu uma apertada, mas a sorte virou as costas para o brasileiro. O tempo ficou bom, e ele começou a ser ultrapassado por todo mundo. Caiu para décimo.
Com pneus lisos e a pista secando, Hulkenberg e Button se deram bem. O alemão da Force India puxava a fila na liderança, seguido pelo inglês da McLaren, e quase todos os outros pilotos tiveram de correr aos boxes para trocar seus compostos. Vettel voltou com pneus duros em quinto, na expectativa de ir até o fim torcendo para não chover de novo. Alonso, em quarto, retornou com os médios.
Asfalto molhado e imprevisível
A corrida confusa, com choques e pneus furados, deixou a pista cheia de sujeira, e na 23ª passagem o safety car entrou, congelando a zona de classificação com Hulkenberg, Button, Hamilton, Alonso, Vettel, Kobayashi, Webber, Di Resta, Ricciardo e Raikkonen.
Na 29ª volta, a relargada com asfalto molhado. O ousado Koba, que não terá vaga na Fórmula 1 em 2013, mostrou que vai mesmo fazer falta. Ele logo tomou a posição de Vettel, avançou para cima de Alonso e pulou para o quarto lugar. O espanhol deu o troco pouco depois, mas ainda era pouco, com Vettel em sexto. As posições eram confortáveis para o piloto da RBR, mas as condições da pista deixavam o campeonato aberto. Ciente disso, o alemão não ofereceu resistência quando foi ultrapassado por Massa e caiu para sétimo - o brasileiro também passou por Koba e pulou para quinto.
Na 44ª volta, a chuva voltou e apertou. Hulkenberg não resistiu ao asfalto molhado, escapou e viu Hamilton mergulhar por dentro para tomar a liderança. Além das nuvens carregadas, pairava sobre os pilotos a grande dúvida: trocar ou não trocar os pneus?
Vettel não conseguia se comunicar com a RBR pelo rádio, mas a equipe conseguia - e mandou o piloto levar o carro aos boxes, mesmo antes da decisão de Alonso. Voltou em décimo, apostando na manutenção da chuva para seguir até o fim.
Troca de liderança
Na 55º volta, um episódio para mudar a corrida. Hulkenberg atacou Hamilton para buscar a liderança, e os dois se chocaram (veja no vídeo ao lado). O alemão continuou na pista e foi ultrapassado por Button, mas Hamilton teve de abandonar a corrida - terminava assim sua carreira na McLaren, já que no ano que vem ele estará na Mercedes. Vettel foi para os boxes de novo, colocou pneus intermediários e voltou em 11º. Com Alonso em terceiro, o título estava no colo do espanhol.
Alonso também parou, enquanto Vettel partia para cima de quem estava à sua frente. Descontados os pits, Alonso continuava em terceiro, mas com o companheiro Massa à sua frente. O alemão vinha em sétimo, com Schumacher à sua frente. Se Felipe poderia ajudar Fernando, Webber, em quarto, também poderia ajudar Vettel. A dez voltas do fim, com a chuva caindo forte, era este o cenário, com os companheiros de equipe na expectativa de desempenhar seus papéis de escudeiros.
Alonso passa Massa - em vão
Como era de se esperar, Alonso passou Felipe na volta 62 (confira no vídeo ao lado). Schumacher, em sua última corrida na Fórmula 1, não ofereceu resistência e deixou Vettel passar para assumir a sexta posição. A única chance do espanhol seria tomar a liderança de Button, que àquela altura tinha 21 segundos de vantagem. Por mais que a chuva castigasse a pista, só um milagre daria o título ao piloto da Ferrari.
Na penúltima volta, Paul Di Resta bateu, e o safety car voltou à pista. Era tudo que Vettel precisava. Com os carros em fila indiana e sem necessidade de pisar fundo, Vettel conduziu sua RBR até a linha de chegada, pouco depois de o carro de segurança se recolher a poucos metros da linha de chegada. Button cruzou em primeiro, Alonso em segundo, Massa em terceiro. Mas a festa estava logo ali atrás, na sexta posição. As gotas de chuva molhavam a viseira do capacete, e embaixo dele o sorriso do mais jovem tricampeão da Fórmula 1.
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